Microeconomia / Teoria da Firma / Teoria da Produção

Teoria da Firma / Teoria da Produção

Conceitos Fundamentais

Firma ou empresa: a unidade básica de produção de bens ou prestação de serviços.

Processo produtivo: consiste na combinação de fatores de produção (terra, trabalho, capital) e demais insumos, para resultar num bem ou serviço (chamado de produto).

Empresário: responsável pelas decisões sobre a produção – quais produtos serão gerados, quais métodos e técnicas serão utilizados, qual a combinação de fatores de produção será adotada. Para simplificar, adotamos o modelo do empresário-proprietário (distinto do executivo contratado). O primeiro é dono do capital e pode obter lucro ou prejuízo, isto é, corre riscos.

Curto prazo: no processo produtivo, o curto prazo é aquele período de tempo no qual pelo menos um dos fatores de produção é fixo. Ou seja, quando consideramos uma fazenda ou sítio, a terra, por exemplo, não será ampliada em extensão (o que envolveria novos investimentos). Numa fábrica ou oficina, o capital físico (máquinas, instalações) também será constante, podendo variar o fator trabalho e as matérias-primas, energia, etc.

Longo prazo: considera-se aqui um período mais amplo de tempo, no qual todos os fatores são considerados variáveis.

Função de produção: é a relação matemática que expressa as quantidades dos diversos insumos necessárias à produção de uma unidade do bem final. De forma alternativa, também pode ser entendida como a quantidade máxima do bem final, que se obtém com o uso de quantidades definidas dos fatores de produção. Seu formato geral é:

Q = f (N, T, K)

Q = quantidade do bem final

N = recursos naturais utilizados (o fator terra, ou natureza)

T = quantidades de trabalho utilizadas

K = quantidades de capital utilizadas

Em geral, com a tecnologia disponível em cada momento, há mais de uma função de produção possível para cada bem ou serviço que se deseja produzir. A alternativa mais conhecida é aquela que combina muito trabalho e pouco capital (máquinas) ou muito capital e pouco trabalho. Cabe ao empresário a definição da função de produção mais adequada. Essa decisão corresponde à resposta à pergunta “Como produzir?”, mencionada na Aula 1 (reveja).

O empresário tomará essa decisão baseado no critério de eficiência. Há duas conotações diferentes para esse termo:

• eficiência técnica: significa o máximo de produto físico possível usando o mínimo de quantidade física possível de fatores de produção. Ou seja, entre dois métodos, aquele que permite a obtenção da mesma quantidade do bem final com o uso de menores quantidades de todos ou de pelo menos um dos fatores de produção; é o mais eficiente em termos técnicos;

• eficiência econômica: neste conceito, devemos considerar os preços dos fatores de produção. Será mais eficiente em termos econômicos aquele método que representar menor custo de produção para produzir o mesmo volume de bens finais. O método mais eficiente em termos econômicos pode divergir daquele mais eficiente em termos técnicos, porque os preços dos fatores variam diferentemente entre si. Talvez o uso do fator trabalho em maior escala não seja tecnicamente mais eficiente, mas economicamente pode ser que sim, se o trabalho se desvalorizar ou se o capital se valorizar mais que aquele fator.

O critério da eficiência econômica é o que irá pesar na decisão do empresário sobre a melhor função de produção para sua empresa, dada a escolha do produto.

Receita, Custo e Lucro

O objetivo de toda firma, numa economia de mercado, é o lucro. Ignoraremos aqui as organizações sem fins lucrativos e o governo, tomando somente as empresas que visam lucro.

Por definição, os lucros são obtidos pela diferença entre a Receita Total da empresa e seus Custos Totais. No caso da receita, basta multiplicar a quantidade total de produtos vendidos por período de tempo (mês, ano) por seus preços. Assim, RT = Q x P.

Já no tocante aos custos, os economistas têm uma apreciação diferente dos contabilistas. Estes últimos consideram custos apenas as despesas efetivamente incorridas para realizar as atividades da empresa. Para os economistas, estes custos (explícitos) são somente uma parte do total. Há custos implícitos que devem ser computados.

Chamamos custo de oportunidade os custos representados pelo que se deixa de ganhar de um lado para poder ganhar de outro. Se você resolver guardar dinheiro para abrir um negócio, no momento de retirar esse dinheiro para iniciar de fato as atividades, você estará perdendo a remuneração da aplicação financeira em que estava posicionado. Esse é o custo de oportunidade de seu novo negócio.

Ele deve ser acrescentado aos custos explícitos (aluguel, compra de materiais etc.) para obter-se o custo total.

Na maioria das atividades produtivas, há um custo pelo uso da terra: na agricultura, o aumento ou queda da produção não influenciará a cada momento o dispêndio com novas glebas, o qual será constante.

Se a terra for alugada, o valor do aluguel tampouco se altera com as mudanças na produção. Na área urbana – cujas atividades típicas são a indústria, o comércio e os serviços -, além do custo de aquisição ou aluguel de terrenos, há também o custo das edificações, próprias (depreciação) ou alugadas.

O mesmo vale para o maquinário: não se altera em curto prazo e tem custos fixos de manutenção e depreciação. Há, ainda, custos fixos ligados à área administrativa. Todos esses custos são, de certa forma, independentes do volume de produção. A rigor, mesmo com produção zero, o empresário incorrerá neles.

Pense numa fábrica de jeans, ou num escritório de informática. Parece claro que, se a demanda aumentar, o empresário contratará mais mão-de-obra direta (aquela que é utilizada na atividade-fim da empresa): operários têxteis no primeiro exemplo, digitadores, programadores e analistas no segundo. Mas, e quanto ao setor administrativo (Deptos. de Pessoal, Financeiro, Almoxarifado, Serviços Gerais)?

Aumentará e diminuirá de acordo com os movimentos da produção? Óbvio que não.

Isso somente ocorrerá se a escala geral da empresa aumentar em caráter mais definitivo (e, nesta hipótese, provavelmente o terreno, as instalações físicas e o maquinário também terão que ser ampliados). Essa situação caracteriza o longo prazo – não o curto prazo, no qual um ou alguns fatores são fixos

No curto prazo, costumam variar a mão-de-obra direta, as matérias-primas, a energia, o combustível utilizado e alguns outros fatores relacionados ao volume da produção. Porém, terra, maquinário, instalações físicas, serviços administrativos e gerais costumam ser fixos – não variam com os fluxos da produção. Isto altera as noções de custo que vimos até o momento.

Precisamos separar o Custo Total em Custo Fixo e Custo Variável.

Custo fixo é o que ocorre independentemente do ato produtivo (venda), e desse modo são entendidos todos os custos suportados para que a empresa se encontre apta a funcionar: aluguel, impostos prediais, depreciações, vigilância, despesas administrativas.

Custo variável é o que ocorre à medida que a  produção (venda) se desenvolve, como a matéria prima, a mão de obra, custo dos produtos vendidos e, quase sempre, comissões, impostos sobre as vendas.

O custo fixo e o custo variável têm conceitos antagônicos,  numa situação é constante e na outra varia, e vice-versa; pode ser visualizado da seguinte forma:

Espécie de custo    Em relação à variação do volume
 Fixo Não varia
 Variável  Varia proporcionalmente ao volume